quinta-feira, 21 de maio de 2009

Caráter é base para uma boa convivência entre criminosos

Numa sociedade capitalista onde “o trabalho dignifica o homem”, e o consumo está aliado ao poder, o sujeito que não possui o primeiro e por conseqüência, nem o segundo, se torna alvo fácil da vida criminosa. Levado a crer que está na escória da sociedade, vai encontrar trabalho e dignidade dentro da facção criminosa, o que ele precisa para sentir-se bem como indivíduo que tem participação e reconhecimento dentro dela.
Percebe-se que dentro desse paralelo que é a sociedade criminosa há mais que organização. O comportamento é baseado em leis internas rigorosamente seguidas pelos criminosos, onde conceitos como caráter e honestidade são cobrados e pagos com a vida.
Claro que o caráter e a honestidade são princípios deturpados a favor dessa organização. Leis como não dedurar, não se envolver com a mulher do outro e não iniciar um trabalhador dentro do crime são preceitos para conviverem de forma “civilizada” e garantirem sucesso na “profissão”.
Na maioria dos casos, os iniciados são crianças que tem entre nove e treze anos de idade e que querem ajudar com a renda da família, fazendo pequenos trabalhos como vigilantes e passam a serem considerados prontos para atividades mais arriscadas quando seguram uma arma de fogo.
Mesmo que as dificuldades muitas vezes apontam para o caminho do crime é preciso também avaliar que tipo de mensagem é transmitida para essas pessoas: a referência de autoridade que eles possuem são os “donos” da favela. A televisão mostra todo dia cenas de criminosos se dando bem e os bons samaritanos sendo manipulados por esses e passados para trás. É grande a quantidade de personalidades criminosas que a sociedade glamouriza, uma vez que criminoso não é só aquele que mata, é aquele político que rouba milhões e coloca em uma conta em um paraíso fiscal (e sempre estão em capas de revistas), é o agiota, é um estelionatário, é aquele que roubou um leite... É qualquer um que não age de acordo com as leis imposta pelo sistema judiciário. A diferença é que o pobre favelado vai para uma penitenciária, entra em contato com as autoridades dos grandes comandos e vai se aperfeiçoar, voltando para a sociedade mais competente. E aquele que possui mais recursos e pode contratar um bom advogado de defesa leva uma bronca e volta pra casa, ileso.

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